domingo, 9 de novembro de 2008

FICÇÃO CIENTÍFICA E EDUCAÇÃO

A Ficção Científica e sua aplicação na Educação
Um instrumento auxiliador para o professor
Carlos Alberto Machado
Doutorando em educação pela PUCRio
cipexbr@yahoo.com

Em 1926, um luxemburguês radicado nos EUA, Hugo Gernsback, criou o termo ficção científica (sempre que nos referirmos a ficção científica usaremos a sigla FC) para classificar o tipo de histórias que ele se dispunha a publicar, exclusivamente, numa revista que estava lançando “Amazing Stories” (Histórias Assombrosas). A iniciativa de Gernsback estimulou autores jovens e popularizou o gênero junto ao público.
Em termos de narrativas populares envolventes e apelo de massa como o emblemático filme Blade Runner e Mad Max, verdadeiros divisor0es de águas no cinema, a FC também oferece épicos como ‘Ilíada’ e ‘Odisséia’ cujo conteúdo temático espelha-se nas space operas – termo utilizado pelos autores do gênero para designar livros ou filmes contendo sagas históricas, Impérios galácticos, etc. –, cujas mitologias religiosas e narrativas heróicas em geral têm catalisado gerações entre o grande público, seguindo uma fórmula aqui bem definida pelo escritor Bráulio Tavares:
(...) uma narrativa popular tem que envolver o leitor – ou telespectador (sic), através de descrições vívidas, ação intensa e estruturas com as quais ele se identifique facilmente.
Outro exemplo emblemático do apelo popular da FC, encontramos na literatura, na qual temos a cultuada trilogia ‘Fundação’ de Isaac Asimov. Também no cinema, encontramos a mitológica saga de ‘Guerra nas Estrelas’ – ‘Star Wars’, mobilizando massas de aficcionados. Este tipo de literatura ou filme, apesar de, muitas vezes, estar longe da ciência formal ou de seus preceitos, atrai em demasia a curiosidade dos jovens em geral.
Quanto a legitimidade educacional de sua busca científica, Tavares (1986) lembra-nos que a FC se utiliza muito da matéria-prima da ciência, mas manipula seus instrumentos, resultando em um compromisso com a imaginação e a fantasia. Sabe-se, atualmente, que a verdade científica não é definitiva, e a própria ciência cartesiana já a modificou com o passar do tempo, inúmeras vezes. A verdade de um século não é, necessariamente, a mesma de outro, e a mesma ciência de hoje já não é mais sinônimo de verdade absoluta. Dentro de sua visão de causa e efeito, não explica mais a complexidade do universo moderno percebido e sempre irá esbarrar nos limites impostos pelo pensamento racional. Portanto, o discurso ficcional da FC, caracterizado pela extrapolação da imaginação científica, vem para manipular a matéria-prima do pensamento lógico-formal e estimular a busca de novos parâmetros para o pensamento científico.
Por outro lado a “(...) ficção científica tem recursos inesgotáveis, demonstrando uma infinita confiança nos recursos da imaginação humana.”
Heróis, ação e aventura não faltam nas space-operas para aqueles que se identificam com suas personalidades. Como estímulo à busca de novas respostas, um de seus recursos temáticos é o confronto diante do conhecido e do desconhecido, o qual cria uma tensão dinâmica e permanente para o herói e para o leitor. Algumas dessas circunstâncias de desafio forçam o leitor e os personagens “(...) a se depararem com situações ‘além da imaginação’, nas quais ele é obrigado a identificar, prever e controlar fenômenos inexplicáveis – mais ou menos a situação do cientista diante de um problema de laboratório.”
O filme sempre foi um instrumento poderoso para ser utilizado em sala de aula. Mas sua utilização acaba sendo abandonada muitas vezes por falta de tempo: como a duração dos filmes feitos para o cinema é longa, privilegiam-se, primordialmente, os conteúdos escolares que devem ser trabalhados. Exibir um filme com duração de aproximadamente duas horas, realmente, toma muito tempo do professor. Entretanto, propomos que a escola continue utilizando esse recurso tão necessário em nossos dias.
O vídeo (DVD) e a televisão não devem ficar abandonados em um armário da escola. Também é discutível utilizá-los apenas para exibir documentários educativos que, para os estudantes, acabam sendo monótonos e cansativos. Eles apreciam, em demasia, filmes e desenhos de ficção científica. Então, por que não lançarmos mão desse gênero cinematográfico que atravessa a história cultural de várias gerações, que já está integrado à vida de nossos alunos?
Muito se tem falado, também, da distância prática entre a proposta educacional da escola e o mundo real vivido pelo educando. Essa distância fica mais evidente ainda, quando determinado currículo aborda, por exemplo, disciplinas que exigem conhecimentos técnicos, como a Física, mas cuja vivência e observação de certos fenômenos é uma realidade remota, somente possível de ser experienciada pelos educandos através de livros, filmes de televisão ou cinema, quando são abordados assuntos tais como: Sistemas Solares, Laser; Computadores; Distâncias Interplanetárias, Teorias sobre a Velocidade da Luz, Viagens no Tempo, Antigravidade; Robôs e Andróides, Cérebro Positrônico, Scanners Portáteis (tricorders); especulações sobre Antimatéria, Velocidade de Dobra, Buracos Negros ou Buracos de Vermes; Miniaturizações, Dimensões Paralelas, Transmissores de Matéria; Invisibilidade, Imortalidade, Telepatia e muitos outros. Temas esses, geralmente utilizados na FC ou na ciência imaginária: “A ciência imaginária não só é justificada por sua importância para o enredo de uma história de FC, como pelo seu aspecto profético ou de antecipação.(...) Alguns destes elementos são inviáveis e obviamente fantásticos, outros são possíveis e mesmo previsíveis.” No que tange a essa viabilidade profética da FC, Fausto Cunha também nos chama a atenção para este importante aspecto da legitimidade de sua busca científica:

Alguns temas que antigamente eram de domínio da pura fantasia, como os foguetes teleguiados, os transplantes de órgãos, os satélites artificiais, as técnicas de conservação pelo frio (o velho sonho da animação suspensa) e especialmente, para nossa infelicidade, as bombas nucleares, são hoje realidades com as quais temos que conviver. A elas se juntam outras antecipações convertidas em ameaças, como a poluição atmosférica, e envenenamento dos rios e dos mares, o fim do verde, a superpopulação, a fome, as novas doenças. Em suma a morte da Terra.


Na sala de aula, o docente geralmente prende-se a esquemas, fórmulas e problemas teóricos que fogem à realidade animada, disponível em literatura ou filmes do gênero. A esse respeito, David Allen, em sua obra ‘No Mundo da Ficção Científica’ observa: “Desse modo, o campo da FC inclui várias obras que utilizam os dispositivos da FC para examinar questões, idéias, e temas de uma perspectiva diferente da que está comumente disponível para nós, a partir de outros tipos de ficção e em nossa vida diária.”
Similarmente, os recursos tecnológicos utilizados pela FC na literatura, no cinema ou nas histórias em quadrinhos (HQs) - que os jovens também apreciam em demasia -, podem facilitar ao docente o ensino ilustrativo de uma matéria específica. Mas, para isso, faz-se necessário que este também tenha algum interesse pelo tema em questão, e que esteja atualizado, constantemente, com as últimas descobertas científicas pertinentes à sua área de conhecimento; bem como, com filmes, livros e revistas em quadrinhos sobre ficção científica, seja através de bibliotecas, bancas de revistas, cinema, televisão ou locadoras de filmes de sua cidade. Alguns professores podem preferir (e isso também vale para os educandos) comparecer com sua turma de alunos ao próprio cinema para, juntos, poderem assistir a um determinado filme pré-selecionado, com a finalidade de, em seguida, discutirem em sala de aula os conteúdos apresentados em forma de relatórios, mesas redondas ou outro recurso didático disponível. Aspectos sociais, filosóficos, tecnológicos, éticos, biológicos, antropológicos, matemáticos, lingüísticos, físicos, astronômicos, químicos, estéticos, etc., são apenas alguns aspectos que podem ser extraídos, analisados ou dissecados pelo educando. Conteúdos esses, devida e respectivamente, orientados pelo docente, relacionando-os à sua disciplina, facilitando assim a aprendizagem. Como afirma Clarke: “Uma pessoa que conheça tudo sobre as comédias de Aristófanes e nada sobre a Segunda Lei da Termodinâmica é tão inculta como aquela que dominou a teoria quântica, mas pensa que Van Gogh pintou a Capela Sistina.”
Outros professores podem sugerir que o próprio aluno selecione o filme de FC desejado, desde que, obviamente, o mesmo já seja antecipadamente conhecido pelo referido professor, para que este elabore os devidos paralelos com conteúdos programáticos.

As escolas podem perfeitamente se tornar locais singulares, como mundos próprios nos quais cyborgs geracionalmente diferentes se encontram e trocam narrativas sobre suas viagens na tecno-realidade – desde que nós nos permitamos reimaginá-los e reconstruí-los de uma forma inteiramente nova, em negociação com aqueles que um dia tomarão nosso lugar.

A primazia e a riqueza de conteúdo chegou a tal ponto que, até os cursos universitários vêm utilizando a ficção científica em suas disciplinas, como evidenciado em minha dissertação de mestrado. Menosprezar um gênero que já trabalhou uma versão espacial Shakespeareana como ‘O Planeta Proibido’, é menosprezar o conhecimento.
A estética da arte e os cursos de comunicação já analisam os filmes cinematográficos e televisivos desde sua criação em meados de 1920. Entre muitos exemplos podemos citar ‘Metrópolis’ de Fritz Lang, ‘Skanner: sua mente pode destruir’ e ‘Vídeo Drome’, ambos de David Cronemberger. Discussões políticas podem ser realizadas com ‘Dr. Fantástico’, ‘O Dia em que a Terra Parou’ e ‘Star Trek’ - Jornada nas Estrelas’, neste último analisando a Federação dos Planetas Unidos, órgão federativo que tenta promover a paz na Galáxia. Cabe às diferentes áreas do conhecimento também descobrirem a importância desses filmes como recurso pedagógico.
Professores de História sempre utilizaram filmes de época ou filmes de guerra, para discutir seus conteúdos (com primazia e didatismo). O mesmo vale para os professores de Geografia que têm no cinema um rico instrumento didático. Conhecer o mundo através da tela em nossos dias é mais fácil do que viajar e conhecê-lo pessoalmente.
Professores de inglês aproveitam a língua inglesa encontrada nos filmes atuais, simplesmente desligando o recurso de legenda, no caso dos DVDs, ou ocultando a parte inferior da televisão, no caso das fitas de vídeo, para trabalhar a pronúncia correta.
Albert Einstein costumava dizer que a imaginação é mais importante do que o conhecimento. Ela estimula a criatividade e, por conseguinte, auxilia na solução de problemas. Ora, a imaginação que utilizamos na criação de invenções, nas novas descobertas, na pesquisa científica e na solução de problemas é a mesma que nos permite escrever contos, criar roteiros, imaginar futuros que estão por vir. Alguns autores de ficção científica chegam a imaginar nossa história de forma diferente e para isso é necessário um exercício soberbo. Mundos alternativos onde verificamos como o mundo poderia ter sido se…Hitler não tivesse perdido a guerra; se o primeiro Presidente dos Estados Unidos da América fosse uma mulher; se os cientistas fossem venerados como as estrelas do Rock e por ai vai. Esses exemplos podem ser verificados literalmente nos episódios da série de FC ‘Sliders’ de Tracy Torme e Robert K. Weiss.
Sempre que falamos em trabalhar ficção científica em sala de aula logo vem a imagem de seu uso na disciplina de física e naturalmente ela teria um número muito maior de alternativas de uso em relação a seus conteúdos. Lamentavelmente alguns professores a utilizam apenas como exemplos negativos e deixam de lado bons exemplos. As séries de ‘Star Trek’ – ‘Jornada nas Estrelas’ são o melhor exemplo de vários conceitos corretos da física, da holografia, da astronomia e da cosmologia. Certamente alguns não procedem, como sons no espaço, teletransporte de matéria, viagens no tempo, mas que, ainda assim, podem ser discutidos pelo professor.
Um bom livro para professores de física que se interessem em utilizar a ficção científica em suas salas de aula é: ‘A Física de Jornada nas Estrelas’ . Ele discute todos os conceitos encontrados nos filmes e nas séries televisivas de ‘Star Trek’.
Ainda dentro dos exemplos de física, podemos citar alguns filmes feitos para o cinema: ‘A.I. Inteligência Artificial’, ‘2001: Uma Odisséia no Espaço’ e ‘2010: O Ano em que faremos Contato’, ‘Apollo 13’, ‘Contato’, ‘O Planeta Vermelho’, ‘Missão Marte’ etc.
Mas não é apenas a física que pode enriquecer-se com esse gênero cinematográfico e televisivo. A filosofia também encontra seus conceitos por aqui. Já existem várias obras especializadas que o demonstram. Os livros: ‘A Metafísica de Jornada nas Estrelas’ , da editora Makron Books, ‘Matrix: bem- vindo ao deserto do real’ , ‘A Pílula Vermelha: Questões de Ciência, Filosofia e Religião em Matrix’ , e o mais recente ‘Scifi=scifilo: a filosofia explicada pelos filmes de ficção científica’ , são alguns belos exemplos do que explanamos. Conceitos que vão além da Caverna de Platão, como a morte, a vida, realidade, ética, identidade, livre-arbítrio, moralidade, metafísica, onisciência, determinismo, entre outros. Mas os professores de filosofia descobriram uma outra ótima saída para despertar a curiosidade dos adolescentes, também seus alunos. O mercado editorial brasileiro, através da editora Madras, recheou as prateleiras com livros versando sobre filosofia e séries de televisão: ‘A filosofia de Bufy’, ‘A filosofia de Harry Potter’, ‘A filosofia de Senfield’ e a ‘filosofia de Sipsons’ são alguns que foram lançados até o momento.
Entre os filmes que trazem questões filosóficas bastante instigantes destacamos a trilogia de ‘Matrix’, ‘Gattaca: A Experiência Genética’, ‘O Exterminador do Futuro 1 e 2’, ‘Minority Report: A Nova Lei’, ‘Independance Day’, ‘Alien’, ‘Blade Runner, o Caçador de Andróides’, ‘Star Wars’, ‘O Sexto Dia’, ‘O Homem sem Sombra’, ‘Frankenstein’, entre muitos outros.
Professores de Biologia vêm trabalhando com filmes de ficção científica há algum tempo, pois eles trazem conceitos e questões relacionadas a essa área que podem ser analisados e discutidos em classe. Alguns exemplos são: ‘Viajem Fantástica’, ‘Gattaca: A Experiência Genética’, ‘A Corrida Silenciosa’ (o preferido dos professores da área), ‘Waterworld: o Segredo das Águas’, ‘Aquaria’, ‘O dia Depois de Amanhã’, ‘O Dia Seguinte’, ‘Missão Marte’, ‘O Planeta Vermelho’, ‘O Segredo do Abismo’, ‘Jornada nas Estrelas IV - A volta para casa’, ‘Duna’ e a abertura fantástica de ‘X-Man: o filme’, bem como seu conteúdo, para discutir mutação. Vida, genética, bio-ética, demografia, sobrevivência, ecologia, biodiversidade entre outros, são apenas alguns exemplos do que pode ser debatido em sala de aula a partir da visulização desses filmes. Um livro que pode dar suporte a essa relação biologia/cinema é ‘A Ciência de Star Wars’ .
A Psicologia, consciência e inconsciência, o eu, ego e outros tantos conceitos-chave das teorias freudiana, jungiana e lacaniana também podem ser identificados no conteúdo de filmes como ‘Esfera’, ‘Solaris’ (de Andrei Tarkovski), ‘Gattaca: A Experiência Genética’, a trilogia de ‘Matrix’, ‘Enigma do Horizonte’, ‘Q-Pax’, ‘O Vingador do Futuro’, ‘Laranja Mecânica’, ‘O Segredo do Abismo’. Um exemplo mais recente é o filme ‘O Diário do Mochileiro das Galáxias’, onde pode ser encontrado um robô maníaco-depressivo, portas que gemem ao serem abertas ou fechadas, um rei da galáxia que tem um ego gigantesco, uma arma que ao ser apontada para alguém o induz a dizer a verdade (mesmo oculta). A burocracia e o tédio são notavelmente escrachados denotando uma realidade pós-moderna bem ao estilo Monty Python.
De certa forma o exercício da exploração de potenciais futuros é um dos principais objetivos disciplinares da FC na educação. Vivemos em uma sociedade atribulada com mudanças sociais rápidas, as quais nos forçam a olhar para o futuro. Essa busca futurística deve ser uma função básica e contínua no campo da educação. Se levarmos em conta o princípio de que os educandos devem estar preparados para um mundo em que uma iminente diversidade embrionária de novos estilos de vida, valores e sistemas sociais concorrerão para coexistir, então, a educação deve necessariamente expandir seu domínio disciplinar para o campo da projeção futurística também, a fim de poder abarcar o exame do que é possível no potencial do desenvolvimento humano.
Naturalmente, a FC também é um importante instrumento didático para se dar a conhecer aos estudantes futuros alternativos. Essa literatura vem, há pelo menos um século, discorrendo sobre temas pertinentes às transformações incipientes da sociedade humana em seus aspectos sócio-psicológicos, antropológicos e, em particular, às derivadas da ciência e tecnologia. Assim sendo, a FC é uma verdadeira biblioteca de imagens futuristas, depósito de esperanças, receios, projeções e conjecturas de homens e mulheres, cujo espírito de vanguarda acompanha e perscruta a condição evolutiva da humanidade. Conseqüentemente, é um campo inestimável de treinamento para seus leitores, na antecipação e criação de fatos que estão por vir.
Comungando com essa idéia, em entrevista cedida ao jornalista Wilson H. da Silva para a revista ‘Livro Aberto’, o professor de física da PUC-SP Pierluigi Piazzi, que ministra a disciplina de cibernética em cursos de Pós-Graduação, afirma que: “a ficção científica é uma ferramenta pedagógica poderosíssima e minha esperança é que a escola descubra a ficção como esta ferramenta, para preparar, inclusive, as pessoas para um futuro imprevisível, oferecendo todas as opções especulativas que existem.” Outra professora em consonância de opinião ressalta que os filmes cinematográficos em sua natureza eminentemente pedagógica são o maior interesse para o campo educacional e destaca que os filmes de FC tem um lugar especial na educação.
Neste contexto, pode-se afirmar, sem muito exagero, que não se trata da legitimidade da FC como força cultural e social que está em discussão, mas a legitimidade da própria escolarização. Apesar de os autores e estudiosos de FC reagirem com certa frustração por sua preferência literária não constar nas listas indicadas nas escolas, a esta altura, parece que as escolas é que estão precisando mais da FC do que ela precisa de sua validação escolar. Legitimarem o status pedagógico da FC perante a comunidade acadêmica, através de seu emprego na educação, não é meramente desejo pessoal dos escritores e professores admiradores do gênero. Mais do que isso é motivado pelo espírito de renovação educacional, que estes docentes, em crescente número, já contemplam as vantagens de sua possível inclusão em seus conteúdos programáticos, ou já a utilizam, eficazmente, em suas turmas.
Em termos de criatividade escolar, portanto, reitera-se aqui que a imaginação, ferramenta responsável pela criação, é um dos muitos olhares diferenciados da realidade que permitem ao estudante explorar a criatividade em sua vida.
Citando Siclier e Labarthe, finalizamos este artigo com uma advertência digna de nota, como incentivo à busca essencial da FC:

(...) o cinema de ficção científica não sobreviverá, se não tomar consciência de algumas evidências: que, antes de mais nada, é o veículo de novas formas de pensar; e que, como tal, é principalmente um instrumento abstrato comparável às matemáticas tradicionais, e que deverá evitar as ilustrações pseudo-realistas, se pretende valorizar com rigor uma geometria inédita baseada sobre postulados modernos.

A Ficção Científica e sua aplicação na Educação
Um instrumento auxiliador para o professor
Resumo
Este artigo mostra que a Ficção Científica de forma literária e fílmica pode auxiliar a educação como apoio didático pedagógico, estimulando no aluno a imaginação e a criatividade. Abordam-se livros e filmes que apresentam exemplos relacionados aos conteúdos específicos de várias disciplinas. A tentativa de abandono de preconceitos culturais considerando a variedade de padrões sociais pode também ser alcançada pelo uso da FC. O confronto com questões éticas, morais e inimagináveis encontradas no cotidiano podem trazer questionamentos e reflexões relevantes em sala. Procurar imaginar soluções para situações curiosas levantadas por um filme, professor ou pelo próprio aluno auxilia no desenvolvimento intelectual, ampliando horizontes.

Palavras-chave: Ficção científica, filmes, material didático


Science Fiction and its application in Education
A helpful tool for the teacher
Abstract
This article shows that Science fiction both in literature and in cinema may help the educational process as a didactical and pedagogical support, fostering the student’s imagination and creativity. Books and movies which present examples related to specific contents of various subjects are approached. The attempt of abandonment of cultural prejudices taking into consideration the variety of social standards may also be achieved by the use of Science fiction. The confrontation of ethical, moral and unimaginable issues found in everyday life may arise relevant questions and reflections in classroom. The attempt of imagining curious solutions arisen by a movie, teacher or the student himself helps the intellectual development, broadening horizons.

Keywords: Science fiction, movies, pedagogic material.

FONTE: http://www.jornadanasestrelas.com/index.php?pag=noticia&id_noticia=83&id_menu=174 (CONSULTADO EM 09/11/08)

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