domingo, 28 de outubro de 2007

PARTICIPAÇÃO NO FÓRUM – em 19/10/07



Você, tem um sonho para sonhar?
Como pretende atingi-lo?

Sonho (mitologia), na mitologia romana, deus do sono, filho da Noite e irmão gêmeo da Morte. Sua morada era uma obscura caverna no longínquo oeste, onde o sol nunca brilhava e todas as coisas estavam desaparecidas no silêncio. (Microsoft ® Encarta ® Encyclopedia 2002. © 1993-2001)
So.nho sm. 1. Seqüência de fenômenos psíquicos (imagens, atos idéias, etc.) que involuntariamente ocorrem durante o sono. 2. Aquilo com que se sonha. 3. fig. Fantasia, ilusão. 4. fig. Desejo, aspiração. (Mini-Aurélio, 2004. Pág. 684 e 685)
Como na mitologia, para a maioria das pessoas o sonho pertence ao mundo oculto, da psique que racionalmente não encontra aplicação, maneira de realizar-se, ou necessidade de explicação, ficando por isso, na maioria das vezes, escondido na caverna escura de nosso inconsciente ou de nosso proposital esquecimento. Em outra dimensão, sendo irmão da Morte, nos lembra, que estruturas arcaicas precisam morrer para que as novas geradas pelo Sonho, possam se erguer.
Meu sonho, não é muito comum, embora o compartilhe com dezenas de milhares de pessoas de muitas gerações. Não repousa apenas no desejo e na aspiração, suas raízes são mais profundas e, encontram-se plantadas no chão da minha infância, projetando galhos de fantasia na fase adulta.
Posso dizer do meu sonho, também, que no momento em que me encontro inserida no mundo e nessa realidade histórica, parte dele ainda pertença ao reino da fantasia, da ilusão e das coisas que estão em gestação, ainda não nascidas; mas isso, não quer dizer que não trabalhe arduamente, junto com outros, para concretizá-lo.
Para que algo possa realizar-se na concretude, primeiro precisa ser sonhado; assim é com as grandes coisas, nosso próprio hino expressa essa grandeza, primeiro se sonha: “Brasil, um sonho intenso...”; depois se ama: “Brasil, de amor eterno...”. No mundo, muitos cientistas trabalham com o mesmo sonho transformando-o em objetivo concreto, a fim de torná-lo realidade acessível à humanidade. Ele não é muito simples e depende de um conjunto de fatores, sendo que muitos desses fatores, surgiram na nossa infância na forma de ficção cientifica.
Muitas das conquistas que impulsionaram o progresso e o bem-estar em nossas vidas, de meados do século XX até agora, foram motivadas pelo paradigma que envolve esse sonho. Motivando mais lentamente as mudanças de paradigmas na sociedade. Essa mudanças, embora muitos não saibam, foram inspiradas pela mente de um homem visionário, criativo e com um sentimento de comunhão com todos os seres.
Não falo de um messias, guru ou coisa do tipo, refiro-me a um roteirista de seriados de TV, que no final da década de 60, conseguiu contaminar jovens do mundo inteiro, não apenas da minha geração, como os precedentes e os seguintes.
Na sua imaginação de um mundo futurista e de faz de conta, lançou as sementes de tolerância étnica, quando conflitos raciais ainda deixavam feridas expostas e o mundo convivia com o medo de uma catástrofe nuclear, resultado da guerra fria. Nesse mundo era possível uma mulher negra ser a chefe de comunicações; russos, japoneses, americanos, escoceses e seres de outros planetas conviverem em perfeita harmonia, trabalhando em prol de objetivos comuns. Esse homem, deu voz aos sonhos de milhões de pessoas que desejam um mundo melhor, tecnológico, ético, moral e humanitariamente possível. Ele chamava-se Gene Roddenberry e seu seriado, Jornada nas Estrelas.
Mais que um seriado, tornou-se uma epopéia em capítulos, onde aguardávamos ansiosos, pelas aventuras de seus protagonistas, e com eles "Audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve." Esta frase em si, prenúncio de novas possibilidades e das conquistas da humanidade.
Tecnicamente, esse sonho se realiza a cada dia com novas invenções que nos facilitam a vida, de muitas maneiras. Só quem foi ou é “treker”, compreende por exemplo a idolatria de nossa faixa etária aos celulares que se abrem num jogo de mão, pois aos oito anos de idade, na nossa imaginação, já brincávamos com eles, inspirados pelo comunicador do Capitão James Tibérius Kirk. Hoje, graças a um homem, que na época da primeira temporada do seriado, já era velho em idade, mas jovem nos seus sonhos, as primeiras tentativas de se construir um telefone que não dependesse da parede para ser ligado, começaram a ser exploradas. Hoje, quem não se beneficia do telefone móvel, cada vez mais fino e com maior variedade de funções e opções?
O nosso computador pessoal, que usamos para interagir no PEAD, já existia na nave Enterprise, cada computador era ligado ao computador central e este, pelo subespaço aos demais do universo captável, mantendo uma rede de comunicações. Isso não lhes lembra nada? Quanto ao tamanho, em 69, um computador ocupava uma sala inteira, porém, na série, repousava sobre uma mesa ou um console. Os pads, com as listas dos turnos, eram passadas às mãos do Capitão; é o computador de mão, os palmtops, que usamos hoje. Isso, sem contar, os estudos sobre buracos negros, dobra espacial e o controverso tele-transporte; e outras coisas de uso mais comum e diário.
Um a um meus sonhos infantis, tornam-se realidade com a passagem dos anos, e um prazer de cumplicidade me toma, pois vejo refletida nessas concretizações minhas fantasias e desejos. Sei que ao expressar-me sou egoísta, não são apenas meus sonhos, meus desejos, são de gerações inteiras, treker’s ou não.
Dentro desse complexo, pois, não se trata de um simples sonho, vejo a passos tímidos, diferente do caminho percorrido pela tecnologia, que navegou em dobra nove (infinitamente mais rápido), a moral e ética humanas evoluírem. Certa que estou de que estão evoluindo. Estamos caminhando para um planeta, não apenas auto-sustentável, mas, com condições igualitárias de fruir de sua produção e de auto-realização de seus ocupantes. Nesse sentido, aguardo um mundo sem guerras, sem doenças, sem mazelas, sem pobrezas (de todas as espécies), sem discriminações, não por que foram extintas ou, porque não é mais possível que aconteçam, mas, porque a humanidade unida trabalha pelo mesmo objetivo comum, compartilhando o desejo e os meios de não permitir que aconteça.
O meu sonho é esse, tenho 41 anos e ainda sou criança na frente do seriado clássico e de todas as suas franquias; acalento o sonho de que a humanidade atinja todo seu potencial; de que o trabalho seja uma opção de crescimento e de perpétuo aprimoramento naquilo que nos dá mais prazer, ser útil a coletividade através da aplicação de nossos conhecimentos e dons; que se confunda com a tesão, com a euforia, com a troca, com o lúdico e que, essa seja sua principal remuneração; que exista sempre a descoberta de novas possibilidades e a sensação de cidadania “interplanetária”, mas ao mesmo tempo, de pertencimento a sua matriz cultural; onde a primeira diretriz sempre seja respeitada, pois cada povo e cultura, cada vida, é única e especial; onde as necessidades de muitos, superem o desejo de um.
Embora não pareça, sou uma treker clássica, incurável, acredito e vivencio esses valores todos os dias da minha vida, compartilhando-os em todos os locais pelos quais passo, faz parte do meu magistério e, tenho certeza que, contribuo com um pouquinho desse sonho que deixo plantado em cada aluno, pois, sei que não viverei eternamente para vê-lo completamente realizado, mas, certamente, assim com Gene Roddenberry, deixarei sonhadores que continuarão sonhando e realizando. Parafraseando Raul Seixas, “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas, sonho que se sonha junto é realidade...”
A todos, Vida Longa e Próspera.

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